Os dados revelam um amadurecimento e maior profissionalização dos empreendedores dentro do setor, segundo o presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedheim.

A fim de evitar o aumento de empreendedores “aventureiros” no período de retomada econômica, o setor de franchising aposta na proliferação de franqueados que administram mais de uma unidade ou mais de uma marca simultaneamente – os chamados como multifranqueados.

A rede de franquias Mercadão dos Óculos é uma das que registram aumento no número de franqueados que controlam mais de uma unidade. “Estamos atualmente com 215 negócios em operação. Desse montante, cerca de 43% tem mais de uma unidade em funcionamento. Nosso objetivo é chegar até o final do ano com 350 lojas comercializadas no total”, argumentou diretor de operações da rede, Fábio Naruz.

De acordo com o executivo, existe a possibilidade do percentual nessa categoria de empreendedor aumentar entre 10% e 15% dentro da rede por meio de um programa de mentoria com os franqueados com bom desempenho. “Identificamos os melhores administradores e iniciamos um projeto durante seis meses de mentoria com outros empreendedores com maiores dificuldades no negócio. Acreditamos que pode ser uma ótima ferramenta para elevação nesse número de multifranqueados, uma vez que ele tem a ‘receita’ para realizar uma boa gestão e abrir novas operações”, complementou o diretor, ressaltando que o faturamento da rede deve atingir R$ 150 milhões em 2019, avanço de 8% ante o ano passado.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Franquias (ABF), houve incremento de 3,4% no número de unidades por redes franqueadoras entre os anos de 2017 e 2018, atingindo uma média de 53,4 operações por rede. No primeiro trimestre de 2019, o faturamento total do setor foi de R$ 41,4 bilhões, alta de 7% ante igual período de 2018. O número de empregos gerados nesse mercado avançou 2,05% entre 2017 e 2018, chegando a 1,3 milhão de postos.

“Negócios independentes tem uma taxa de mortalidade, na média, cinco vezes maior do que uma franquia. Com isso, o empreendedor valoriza o suporte e estrutura que a marca promove. Isso releva também um amadurecimento e nível de profissionalização dos franqueados dentro do setor”, disse o presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedheim.

O especialista em franquias da consultoria Kalaes, Sidney Kalaes, afirma que a elevação no número de unidades administradas por um empreendedor, ou até mesmo diversificação de marcas controladas, serve como um mecanismo de compensação caso um dos negócios não esteja registrando bom desempenho. “Os franqueados estão se comportando como uma mini holding. Ou seja, existe um movimento positivo de diversificação de locais de atuação desses negócios, desenvolvendo um crescimento orgânico da rede como um todo”, argumentou. Segundo ele, a partir da quinta unidade o processo de abertura de novas franquias por parte do empresário fica mais viável, uma vez que “existe capital de giro e um conhecimento sobre a dinâmica da operação”. Para Kalaes, existe maior viabilidade para a abertura de várias unidades em grandes centros urbanos. Porém, o especialista pondera que existe um certo risco para os franqueados que começam a diversificar demais as marcas administradas, que pode ser visto como descontentamento do empresário com determinada rede

Outra franquia que aposta nos multifranqueados é o Grupo Afeet, controlador de marcas como Art Walk, Magicfeet e Autentic Feet. “Nós acreditamos no conceito de multifranqueado profissional. Mas ter só empreendedores que administram muitas unidades nem sempre é interessante para o negócio, considerando a concentração de faturamento. Por isso, temos programas de capacitação para outros empresários”, diz o gerente de franquias do grupo, Rodrigo Faria.

De acordo com ele, a média de operações administradas pelos franqueados é de quatro e tende a aumentar. “Dos nossos franqueados, cerca de 70% entra nessa categoria com mais de um negócio”. Marcelo Ciarelli é um desses franqueados Afeet, com quatro lojas. “Com a oscilação econômica nos últimos anos, esse modelo faz todo o sentido e dá mais segurança no longo prazo.”

Fonte: DCI