Ex-garçom vende carro para empreender e hoje é dono de franquias de serviços automotivos

Ananias Oliveira Filho pediu demissão para abrir negócio, quase faliu, conseguiu se recuperar e hoje é dono da Nani Sound, empresa que faturou R$ 2,5 milhões em 2021

Quando resolveu pedir demissão do emprego, em 2009, Ananias Oliveira Filho, hoje com 35 anos, estava prestes a ser promovido de cumim (ajudante de garçom) a garçom titular. Seria mais um degrau em sua carreira, mas ele tinha decidido que trilharia o próprio destino. “Eu não estava feliz lá, queria montar o meu negócio.” Hoje, ele é dono da rede franquias Nani Sound, que tem nove unidades e faturou R$ 2,5 milhões em 2021. A empresa acaba de entrar para o portfólio do Grupo Kalaes, especializado na expansão de marcas.

Oliveira gostava muito do universo automotivo. Tanto que, quando comprou seu primeiro carro, um Monza 89, gastava parte do salário para customizá-lo com caixas de som e rodas diferentes. Ele queria empreender nesse setor, mas não sabia como. Até que encontrou um amigo que tinha o conhecimento técnico. Os dois resolveram arriscar juntos. “Ele entraria com as ferramentas e serviços, eu, com o dinheiro, e dividiríamos o lucro da loja”, diz.

O empreendedor, então, usou os R$ 900 que recebeu pela demissão e o dinheiro que conseguiu vendendo o tão amado Monza – ele negociou o veículo por uma moto e o restante em dinheiro. O total somou R$ 3,9 mil. Com essa quantia, alugou um ponto em São Paulo onde só cabia um carro de porte médio. “Era o que eu conseguia pagar na época. Hoje lá funciona um salão de cabeleireiro, com uma cadeira só”, afirma.

Oliveira lembra que era muito desestimulado e desacreditado por amigos e família no início. “Falavam que era muito pequeno, que não tinha como passar credibilidade.” Aos poucos ele foi aprendendo o negócio, mas começou a ter problemas com o sócio. Sem conseguir atender aos clientes que apareciam, começou a perder dinheiro.

Quando teve um grande prejuízo com um serviço de aplicação de insulfilm, o empreendedor resolveu reiniciar a jornada e comprar a parte do sócio. A partir daí, Oliveira trouxe novos funcionários – inclusive o ex-sócio – e se mudou para um ponto maior.

Em 2011, o negócio já andava com as próprias pernas e não lembrava nem de longe aquela empreitada assumida pelo ex-ajudante de garçom dois anos antes. No entanto, mais uma reviravolta mudaria a história: a chegada de dois concorrentes à região. “Me aproximei e ofereci ajuda. Vendia meus serviços a preços menores para eles. Por fim, acabamos por formar uma sociedade juntos”, afirma. Assim, o trio de empreendedores se uniu e abriu três lojas.

Com o tempo, um novo atrito separou os três sócios. Cada um ficou com sua própria loja e a de Oliveira ganhou o nome de Nani Sound (ele é conhecido pelo apelido Nani, diminutivo de Ananias). O empreendedor reconhece que acabou perdendo a mão dos gastos por volta de 2014, com a economia em alta, ainda surfando no alto PIB de 2010. O reflexo da gastança veio na crise de 2015, que deixou uma dívida de R$ 250 mil na mesa do empreendedor.

Sem conseguir arcar com o aluguel do ponto, Oliveira precisou se mudar para outro local menor. Àquela altura, ele já devia para fornecedores e não conseguia mais comprar nem mesmo a matéria-prima necessária. “Eu usava a maquininha de parceiros para conseguir fazer os serviços.” Ele calcula que tenha passado cerca de dois anos nessa situação.

Tudo só voltou a melhorar quando a esposa de Oliveira, Márcia Severo Mourão Furtado, visitou a loja e viu que a situação estava pior do que ela imaginava. Os dois decidiram que um novo CNPJ seria aberto no nome dela e que Furtado ficaria responsável pelo controle financeiro. Assim, o dinheiro voltou a entrar e o empreendedor conseguiu quitar as dívidas.

A partir de 2017, a Nani Sound voltou a se equilibrar e abriu mais três unidades. Pouco mais de dois anos depois, em 2020, Oliveira conversava com o amigo Fernando Cássio, que trabalha no Grupo Kalaes, fundado por Sidney Kalaes, e se interessou pela possibilidade de crescer com franquias. Oliveira topou a proposta e Cássio entrou como sócio do negócio.

Agora, a projeção é inaugurar 50 unidades até o fim do ano. Seis franquias já foram comercializadas. O investimento inicial total é de a partir de R$ 180 mil. O valor inclui taxa de franquia, capital de giro e capital para instalação. A projeção de retorno do valor é em até 24 meses.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios